Lições de teatro aplicadas ao desenvolvimento de sites | Arquitetura de Informação

Lições de teatro aplicadas ao desenvolvimento de sites

Posted on março 25, 2010 by Fabricio Teixeira

Li ontem um artigo cujo título me chamou a atenção: 5 Lessons From Theatre You Can Apply to Web Site Design. Isso porque nas horas vagas participo de um grupo de teatro amador aqui em São Paulo, e porque já há algum tempo havia traçado esses mesmos paralelos que a autora – mas nunca me empenhado em documentá-los. Adaptei abaixo essas 5 lições e incluí mais algumas.

É um trabalho coletivo.

Para colocar o espetáculo (ou um site) de pé, é preciso de um time inteiro. Claro que existem todos os atores, mas existem também os músicos, iluminadores, bilheteiros, diretor etc. No palco você aprende a dar valor a cada uma dessas funções com o mesmo peso. A quantidade é importante. Grandes projetos raramente ficam prontos quando dependem de uma pessoa só. E mais: todo o charme está justamente em ser um trabalho coletivo. Um grande time gosta de ser um grande time.

É preciso distribuir bem os papéis.

Cada pessoa ali tem sua habilidade. Uns são afinados cantores, outros são talentosos atores, outros dançam esplendidamente. Essa pluralidade é essencial. Saber explorar o melhor de cada um, mais ainda. Não adianta o grupo possuir dez excelentes cantores, se durante o espetáculos eles apenas dançam. Não adianta um projeto contar com os melhores designers do mundo, se eles são obrigados a gastar tempo programando ou redigindo textos.

Você vai precisar de um diretor.

Por mais talentoso que seja o elenco, é preciso ter alguém que desça do palco e enxergue o espetáculo lá de fora – tendo sempre em mente o objetivo inicial daquilo tudo. É importante ter alguém que se distancie do furor do palco e garanta que o público está vendo aquilo que realmente quer ver. É comum o elenco se apaixonar pelo projeto e fechar os olhos para erros e inconsistências que não são visíveis pelo lado de dentro.

Você vai precisar de uma data de estreia.

O bom dos espetáculos é que eles têm uma data de estreia. Não dá para adiar, porque os convites são vendidos antecipadamente. Esteja bom ou ruim, o espetáculo estreia no mesmo dia, e a repercussão da peça é impactada diretamente pelo desempenho dessa primeira sessão. Se a plateia sai da estreia com uma boa impressão, compartilhará espontaneamente a experiência com outras pessoas, que preencherão as poltronas das sessões subsequentes. Se a impressão não for boa, nada feito.

Ensaios e mais ensaios.

A primeira noite de ensaios é terrível. A qualidade não chega nem perto daquela que é apresentada no dia da estreia. Muita coisa muda no meio do caminho. Muitas cenas são cortadas, muitos diálogos são simplificados, muitas músicas ganham novas versões e muitas coreografias são aperfeiçoadas. Nada disso é possível sem muito ensaio. O ensaio é importante para que todos saibam de tudo o que está sendo mudado na peça. Por mais que o assistente de direção se empenhe em documentar as mudanças no roteiro, há coisas que são “indocumentáveis”. Se alguém falta ao ensaio, certamente fica defasado.

O importante é ter convicção.

No palco, ao errar uma fala, erre com convicção. Nem a plateia (e nem o usuário) sabem como era a frase original que você deveria ter dito de acordo com o roteiro. Ele nem sabe que você errou. O importante é manter a coerência naquilo que está sendo dito. No palco, aprende-se que existem infinitas maneiras de se dizer a mesma coisa. Inclusive não só com palavras.

Um ator só é aplaudido porque os outros atores prepararam o terreno para isso.

Uma cena, por si só, não ganha o espetáculo. Somente quando o espectador imerge em uma sucessão de boas cenas é que ele se encanta a ponto de aplaudir a próxima cena. Mas o mérito não é dos atores da cena que foi aplaudida, e sim de todos os outros que vieram antes e que prepararam o terreno para aqueles aplausos. No trabalho de desenvolvimento de sites é a mesma coisa: um bom design não ganha aplausos sozinho, se antes dele não houve uma bom trabalho de arquitetura de informação e usabilidade. Uma animação em flash, por mais incrível que seja, não funciona bem se o processamento do site está baleiando. Por isso, ao sair do palco, agradeça os elogios e divida-os por 30, ou mais.

Perder o carisma é algo irrecuperável, cá ou lá.

No palco, uma cena mal apresentada é suficiente para deixar o espectador decepcionado. Em um site, um link que não funciona ou um simples erro ortográfico podem fazer o usuário esquecer tudo de bom que você já apresentou para ele. Por isso é preciso ter atenção a todos os detalhes – e isso não é só uma frase de efeito.

É isso. Alguns pontos são um tanto óbvios, mas nem por isso menos importantes. Procurar links entre o que você faz dentro e fora do trabalho é um exercício bem interessante. Se alguém mais tentou fazer isso, conte na caixa de comentários =]

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